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Exposição do Prado em Arte Antiga já fez seis mil visitantes

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Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, recebeu 5728 visitantes nos primeiros 12 dias da exposição com 57 pinturas da colecção do Museu do Prado, em Madrid.

Uma média de 660 visitantes por dia, uma vez que o museu encerra à segunda-feira e à terça de manhã.

Não é possível saber, no entanto, se a exposição Rubens, Brueghel, Lorrain. A Paisagem do Norte no Museu do Prado está a corresponder aos números esperados pela direcção do museu e pela Everything is New, que a produz, porque não foram divulgadas previsões. Também não se podem comparar estes números com os de outras exposições, porque só nesta existem dados semanais.

Sabe-se, no entanto, que A Encomenda Prodigiosa levou este ano ao museu, em seis meses, 63 mil visitantes. A exposição, que termina a 30 de Março, que resulta de um protocolo celebrado em Setembro entre a pinacoteca espanhola, uma das melhores do mundo, e o Museu Nacional de Arte Antiga. É também a estreia da associação de uma produtora externa e museu, neste caso a Everything Is New, para a apresentação de uma exposição, à imagem do que já tinha acontecido com a exposição da artista contemporânea Joana Vasconcelos no Palácio da Ajuda.

Rubens, Brueghel, Lorrain: A Paisagem Nórdica do Museu do Prado é uma exposição que passou já por Saragoça, Sevilha e Palma de Maiorca e que inclui 60 pinturas do museu madrileno, quase todas saídas do seu percurso permanente, o que só é possível porque o Prado tem as galerias de pintura flamenga em remodelação.
Fonte: Público


21 de Dezembro de 1470: João de Santarém e Pedro Escobar descobrem a Ilha de São Tomé

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Crê-se que a ilha de S. Tomé foi descoberta (ou achada - alguns autores consideram que existiria uma população nativa: os Angolares) a 21 de Dezembro (dia de S. Tomé) de 1470 pelos navegadores João de Santarém e Pêro Escobar que, a mando do Rei D. Afonso V de Portugal, exploravam a costa ocidental africana. Situa-se a descoberta da ilha do Príncipe a 17 de Janeiro de 1471. O povoamento do arquipélago por colonos portugueses iniciou-se em 1485 por João de Paiva, a quem D. João II havia doado a ilha. Os primeiros colonos desembarcaram em Ana Ambó e estabeleceram-se na costa norte da ilha, fundando uma povoação na Baía de Ana Chaves.

Desde cedo (por volta do ano de 1500) os portugueses dedicaram-se ao cultivo da cana-de-açúcar, que encontrava condições favoráveis no clima de S. Tomé. Rapidamente surgiram mais de 60 engenhos produtores de açúcar, que era exportado para a Europa. Outras fontes de rendimento eram a produção de pimenta e a exportação de madeiras. Ao mesmo tempo, devido à sua localização, S. Tomé funcionava como entreposto comercial entre África, Europa e, mais tarde, o Brasil. A população era constituída por várias camadas sociais: os grandes senhores portugueses, o clero, outros colonos portugueses, os escravos (necessários em grande quantidade para a produção de açúcar e que foram sendo importados do continente africano) e os forros (escravos dos primeiros colonos e os seus descendentes, assim chamados por lhes ter sido concedida por D. Manuel I a libertação através de uma carta de alforria).

No final do século XVI a ilha vive um período de bastante instabilidade com revoltas dos Angolares (população que habitava a zona sul da ilha de S. Tomé; composta por escravos sobreviventes do naufrágio de um navio negreiro para alguns autores ou nativos da ilha para outros), a quem se juntavam os escravos que trabalhavam nos engenhos de açúcar; ataques de corsários originários de outras potências europeias (nomeadamente a França e a Holanda); e a luta pelo poder entre os próprios colonos. Até ao século XIX assiste-se ao declínio da produção de açúcar em S. Tomé devido ao grande fluxo migratório de colonos portugueses para o Brasil, que oferecia melhores condições, e ao abandono das culturas por parte dos forros, que se dedicavam a uma agricultura de subsistência.

Já no século XIX, com a independência do Brasil e a plantação de culturas de cacau e café, ressurge o interesse dos portugueses na ilha. A administração do arquipélago é reorganizada, são introduzidos novos escravos a partir do continente (já que os forros se recusam a trabalhar para os colonos), são combatidas as revoltas Angolares e a terra é redistribuída, conquistada ou usurpada pelos grandes senhores (que normalmente vivem na metrópole e delegam a administração em funcionários portugueses). São assim criadas as Roças, grandes latifúndios que se dedicam à produção principalmente de café e cacau e que gozam de grande autonomia dentro das suas fronteiras, onde a vontade do patrão é lei. Com a abolição da escravatura em 1876, inicia-se um novo fluxo imigratório de trabalhadores contratados (na prática, pouco mais que escravos), principalmente a partir de Cabo Verde, Angola e Moçambique para assegurar o trabalho nas roças. No período imediatamente após a Primeira Guerra Mundial, S. Tomé torna-se o principal exportador mundial de cacau. A partir de então assiste-se a um declínio progressivo da produção.

Nos anos 60 forma-se o Comité de Libertação de S. Tomé e Príncipe, que luta pela independência e contra o regime português, apesar de nunca ter existido luta armada no arquipélago. Com o 25 de Abril em Portugal abre-se a porta à independência de S. Tomé e Príncipe, o que acontece a 12 de Julho de 1975. O país viveu num sistema de partido único e de orientação socialista até 1991, altura das primeiras eleições legislativas multipartidárias.
Mais recentemente, o início da exploração de petróleo nas águas territoriais traz a esperança de um futuro melhor para os habitantes de S. Tomé e Príncipe.
wikipédia (imagens)

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Detalhe da Carta de Bertius (1649), com a imagem de uma canoa perto da Ilha de S. Tomé

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Ilhas de S. Tomé e Príncipe

21 de Dezembro de 1925: Estreia de "O Couraçado Potemkin" em Moscovo

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O júri internacional de cinema da Exposição Mundial de Bruxelas, em 1958, considerou -o unanimemente "o melhor filme de todos os tempos". No entanto, O Couraçado Potemkin fez pouco sucesso, quando estreou no Teatro Bolshoi de Moscovo, em 21 de Dezembro de 1925.

Encomendado pelo Estado soviético, o filme de Serguei Mikhailovich Eisenstein (1898–1948) celebrava oficialmente os 20 anos da revolução de 1905, que tinha instaurado a democracia popular no país dos czares.


Eisenstein, que actuou primeiro durante alguns anos no teatro, como cenógrafo e figurinista, compartilhava as ideias da vanguarda russa, que rejeitava a concepção artística da burguesia e pretendia intervir no quotidiano através de uma nova arte. O cinema, com as suas novas possibilidades de montagem, pareceu-lhe então o campo de acção ideal.

O sucesso da  sua  primeira longa-metragem, A Greve (1924), levou o governo soviético a contratá-lo para escrever o guião e realizar o filme que comemoraria o jubileu da revolução de 1905.


Durante as filmagens em Odessa, o realizador acabou por descartar as cenas já rodadas e reformulou completamente o guião. A revolta dos marinheiros do navio de guerra Potemkin, da frota russa no Mar Negro, deveria ser apenas um episódio, mas tornou-se tema da película, simbolizando o levantamento popular contra o regime czarista.


Eisenstein não quis, contudo, fazer uma crónica dos acontecimentos históricos, apostando antes na enorme força sugestiva que as imagens adquiriram graças à sua inovadora técnica de montagem.


As sequências mais marcantes do filme tornaram-se verdadeiramente antológicas, como a do avanço dos soldados em passos marciais contra a população e a do carrinho de bebe descendo pelos degraus da escadaria de Odessa.

Na União Soviética, o filme só cativou as massas depois de começaram a chegar as notícias do sucesso, mas também das proibições e das intervenções da censura na Europa e nos Estados Unidos.

Fontes: DW
wikipedia (imagens)
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Museu de Arte Antiga compra em Londres uma peça “ímpar” resgatada aos escombros de 1755

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Não se sabe quem a terá resgatado intacta às ruínas da Capela de S. Nicolau de Tolentino, da Igreja do Convento da Graça, de Lisboa, depois do terramoto de 1 de Novembro de 1755. Sabe-se apenas que em algum momento depois esta peça “ímpar” entrou para a colecção de Sebastião José de Carvalho e Mello, Marquês de Pombal. Terá estado com os seus herdeiros até em 1997 surgir pela primeira vez no mercado. Agora, 16 anos volvidos, o Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) conseguiu adquirir este baixo-relevo datado de cerca de 1575 e que retrata Diogo de Paiva de Andrade, um dos mais importantes teólogos portugueses.

A obra, um medalhão em bronze com 33 centímetros de diâmetro, posteriormente emoldurado e com uma base em mármore, chegou esta quarta-feira ao MNAA, onde integrará as colecções de escultura.

“Já na época do Marquês de Pombal se percebeu a importância histórica deste medalhão”, explica Anísio Franco, conservador de escultura e vidros do museu. Também especialista em leilões, Anísio Franco chama a atenção para uma segunda placa aplicada no século XVIII ao reverso do medalhão quinhentista. Nessa segunda placa, uma longa inscrição em latim explica vários aspectos da memória transportada pela peça em que o rosto de Diogo de Paiva de Andrade ficou gravado num retrato lateral, feito na tradição renascentista das peças “ao romano” com que mais de um século antes, em Itália, se tinham começado a celebrar os grandes heróis antigos e contemporâneos.

A inscrição setecentista estabelece, por um lado, os principais dados biográficos de Paiva de Andrade, contemporâneo de D. Sebastião e o mais importante agostinho do reino, participante, aos 33 anos, no Concílio de Trento, considerado um dos três concílios fundamentais da Igreja Católica. Por outro lado, a inscrição fala do processo de achamento do próprio medalhão, contando como “foi recuperado intacto das ruínas” da capela onde o teólogo foi enterrado em 1575 e como a peça foi depois “esquecida até ao momento em que (…) Sebastião José de Carvalho e Mello (…) corrigiu esta negligência”, fazendo com que a memória de Paiva de Andrade “fosse protegida da devastação do tempo”.   

“A inscrição demonstra que havia já, nitidamente, uma vontade de preservação de memória”, sublinha Anísio Franco. Uma vontade que se liga hoje tanto à importância da personagem retratada quanto às características formais da própria peça e ao seu percurso histórico.

Com dimensões que ultrapassam em muito a medalhística no sentido em que hoje estamos habituados a pensá-la, não se conhece, em Portugal, outra peça semelhante. “Tem alguma raridade, mesmo considerando a produção internacional”, diz Maria João Vilhena de Carvalho, também conservadora de escultura do MNAA.

“No contexto das obras do museu é ímpar. Não temos nenhuma que se possa assemelhar a esta”, refere a especialista, apontando exemplos de produção internacional em quase todos os grandes museus do mundo, instituições como o Victoria & Albert, de Londres, ou o Kunsthistorisches Museum, de Viena.

Um feliz achado
Só agora, com a entrada nos acervos do MNAA, começará o estudo aprofundado deste medalhão. Até aqui desconhece-se, por exemplo, a sua autoria. No entanto, segundo Maria João Vilhena de Carvalho, a sua produção é “provavelmente” nacional, eventualmente por influência de – ou executada por – algum artista italiano a trabalhar, à época, no reino.


Não se sabe também de quem terá partido a encomenda. Outras peças internacionais semelhantes serviam, na maior parte dos casos, como presentes de aparato – ofertas, por exemplo, entre príncipes. O medalhão português “terá sido pensado para uma parede ou mesmo para o túmulo” de Paiva de Andrade, explica ainda Maria João Vilhena de Carvalho.  

Depois de por volta de 1438 Pisanello ter cunhado a medalha comemorativa normalmente considerada como a cabeça de série renascentista desta forma de difusão do retrato – com o busto de João VIII, penúltimo imperador bizantino, por ocasião de uma sua visita a Itália –, muitos dos mais importantes artistas do período deixaram peças deste tipo. No entanto, a importância para Portugal do medalhão dedicado a Paiva de Andrade foi evidente para o conhecido comerciante de arte londrino Rainer Zietz.

Anísio Franco conta que o marchand entrou pela primeira vez em contacto com o MNAA em 2005, oito anos depois de a peça ter aparecido pela primeira vez no mercado, num leilão da Christie’s de Londres, onde foi vendida por mais de 16.500 libras (20 mil euros, ao câmbio actual). Nesse primeiro contacto, quando os especialistas do MNAA primeiro tomaram conhecimento da peça, Zietz propunha ao museu uma compra no valor de 150 mil euros – mais de sete vezes o valor por que a obra tinha antes ido à praça. Ainda assim, o museu entendeu que a aquisição devia ser feita. O parecer enviado à tutela acabou, no entanto, na altura, por não ter seguimento. Entretanto, já em Julho deste ano, a peça voltou ao mercado, desta vez através da Sotheby’s. E com uma expectativa de venda inferior: entre as 40 mil e as 60 mil libras (aproximadamente 48 mil e 72 mil euros).

Não suscitando interesse, a peça, que compunha o lote 81, acabou por ser retirada sem licitações – o que permitiu ao MNAA fazer uma proposta de aquisição mais vantajosa: 36 mil libras (43 mil euros).
Foi uma de apenas duas aquisições que o MNAA, o mais importante museu nacional, fez em 2013, juntando-se a uma peça de joalharia da Colecção António Barreto.
Fonte: Público

 
A peça, em bronze, tem cerca de 33 centímetros de diâmetro

 
 
 




22 de Dezembro de 1861: D. Luís I é aclamado rei de Portugal

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D. Luís I nasceu no Palácio das Necessidades, a 31 de Outubro de 1838, tendo recebido o nome de Luís Filipe Maria Fernando Pedro de Alcântara António Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis João Augusto Júlio Valfando, e morreu na Cidadela de Cascais, a 19 de Outubro de 1889, tendo sido sepultado no Panteão Real de S. Vicente de Fora). Casou em Lisboa a 6 de Outubro de 1862 com a princesa Maria Pia de Sabóia (n. em Turim, a 16 de Outubro de 1847; f. no Castelo de Stupinigi, no Piemonte, a 5 de Julho de 1911; sepultada na Basílica de Superga, na Itália), filha do rei Vítor Manuel II da Sardenha e de sua mulher a arquiduquesa Maria Adelaide. 
Filho segundo de D. Maria II (1819-1853) e de D. Fernando III (1816-1885). Assumiu o governo a 14 de Outubro de 1861 e foi aclamado rei a 22 de Dezembro desse mesmo ano. Era primorosamente educado, com temperamento de literato e artista. Embora tivesse dominado a paz no reinado, houve um levantamento de tropas, em 1862 e em finais de 1867 o movimento da Janeirinha e em 19 de Maio de 1870, o duque de Saldanha impôs a demissão do governo, e passou a assumir a presidência do novo ministério.

Em 1865-1866 a vida mental foi sacudida pela Questão Coimbrã e em 1871 surgiu a iniciativa das Conferências Democráticas do Casino. Realizam-se as viagens ao interior da África, o major Serpa Pinto de Benguela ao Bié, Zambeze e chegou às cataratas de Vitória. Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens exploraram o sertão de Benguela e atravessaram a África de Luanda a Tete.

A partir de 1876 o Partido Progressista aspira a articular o Estado segundo a teoria liberal, propondo a reforma da Carta, a descentralização administrativa, a fidedignidade e ampliação do sufrágio eleitoral, a reorganização do poder judicial e da contabilidade pública. Em 1877 demitiu-se o ministério regenerador de Fontes Pereira de Melo e voltou a ser reintegrado. Posteriormente os progressistas atacaram o rei, acusando-o de patrocinar os regeneradores (Emídio Navarro, no Progresso, Joaquim Martins de Carvalho, no Conimbricense). O ministério regenerador caiu, em 1879, e D. Luís chamou os progressistas a formar governo. O republicanismo evoluíra também e em 1878 toma lugar na Câmara o primeiro deputado republicano, Rodrigues de Freitas, eleito pelo Porto. Em 1880 o Partido Republicano era uma realidade e uma força.

O reinado de D. Luís assinalou-se materialmente pelo progresso, socialmente pela paz e pelos sentimentos de convivência e politicamente pelo respeito pelas liberdades públicas, intelectualmente por uma geração notável (Eça de Queiroz, Antero de Quental, etc.).

Fontes: www.arqnet.pt
                Wikipedia
Ficheiro:Dom luís I.jpg
D. Luís I
D. Maria Pia e D. Luís I, 1862.
D. Luís e D. Maria Pia de Saboia

Análise da obra:"Amor Sagrado e Amor Profano", de Ticiano

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 Amor Sagrado e Amor Profanoé uma obra do pintor Ticiano Vecellio, pintada cerca de 1515. É um óleo sobre tela,  foi encomendado por Niccolò Aurélio, então secretário do Conselho dos Dez, e mais tarde Grande Chanceler da Sereníssima, estado no nordeste da Itália, com capital em Veneza, que existiu entre o século IX e XVIII. O escudo de armas de Nicolò aparece na fonte ou sarcófago do centro da imagem. A encomenda coincide com o seu matrimónio com a jovem viúva Laura Bagarotto, pelo qual pode ser um presente de casamento. A obra pertence à Galeria Borghese em Roma.

Existe mais do que uma interpretação da obra, uma das interpretações, a filosófica, vê na tela duas mulheres sentadas numa fonte de mármore esculpida, uma nua e a outra vestida. São as duas Vénus, a celeste, nua, coberta apenas com um manto púrpura (cor que identifica o carácter divino nas obras renascentistas), e a terrena, vestida com um traje branco de manga púrpura. Entre elas, está Cúpido, a mexer nas águas da fonte.  O facto de a mulher nua representar a Vénus celeste mostra a atribuição de valores positivos que se fazia da nudez no período renascentista, como a beleza feminina, o amor e a felicidade eterna.

Diferente do que supõe o título da pintura, nome dado provavelmente no final do século XVII, a obra não se trata de uma oposição entre dois tipos de amor. Existia no renascimento a crença de que a beleza sem ornamento é superior à beleza adornada, e que a forma de amor celeste, que aprecia uma beleza superior à que chamamos realidade, é mais elevada que a forma de amor terrena, que aprecia uma beleza pertencente ao mundo material. Porém, as duas formas de amor, representadas pela dupla de Vénus, buscam a beleza, cada uma à sua maneira, mas ambas são nobres e dignas de serem veneradas. Assim, segundo a interpretação do historiador da arte Erwin Panofsky, na obra está presente um diálogo de amor, dentro de um espírito de persuasão. O Cupido que mexe nas águas da fonte seria um símbolo do princípio da harmonia, em que as duas formas de amor, apesar das diferenças, seriam uma só essência.

Outra interpretação remete para o casamento, vê na cena uma donzela ricamente vestida (provavelmente de noiva) sentada junto a Cupido e acompanhada pela deusa Vénus. Vários pormenores sugerem que a mulher é possivelmente uma noiva: o seu cabelo solto decorado com uma coroa de murta (planta sagrada de Vénus), o véu transparente sobre os seus ombros, as rosas na sua mão direita, e o cinto (símbolo da castidade). A figura vestida sujeita nas suas mãos uma vasilha cheia de ouro e gemas, que simboliza "a efémera felicidade da Terra" e a deusa, despida, sustém uma lamparina com a chama ardente de Deus, a qual simboliza "a felicidade eterna do Céu".
O título, de carácter moralista, não foi dado pelo próprio Ticiano, mas atribuído dois séculos depois. No catálogo Borghese teve diferentes nomes: Beleza sem ornamento e beleza ornamentada (1613), Três amores (1650), Mulher divina e profana (1700), e, finalmente, Amor sacro e amor profano (1792 e 1833). A primeira menção da obra com o nome Amor profano e amor divino acontece no inventário de 1693, embora os críticos contemporâneos desacreditem a teoria de que se tratem das personificações dos conceitos neoplatónicos de Amor sacro e Amor profano.

A obra foi comprada em 1608 pelo mecenas da arte Scipione Borghese, devido ao qual actualmente é exibida junto a outras peças da Colecção Borghese na Galeria Borghese em Roma. Em 1899,  Nathaniel Anselm von Rothschild realizou uma oferta de compra da obra por 4 milhões de liras, que foi recusada.

Em 1995 a pintura foi restaurada, e durante este processo revelou-se que o manto branco da figura semi-desnuda era originalmente de cor vermelha.
wikipedia (imagens)
File:Tiziano - Amor Sacro y Amor Profano (Galería Borghese, Roma, 1514).jpg
Amor Sagrado e Amor Profano - Ticiano
Detalhes da Obra
 Ficheiro:Amor sacro e amor profano 02.jpg
Ficheiro:Amor sacro e amor profano 03.jpg

Ficheiro:Amor sacro e amor profano 04.jpg


A Ajuda continua a renovar-se numa capela escondida e no berço de um príncipe que foi rei

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O átrio da Ajuda está cheio – à porta há duas turmas do secundário da Nazaré, lá dentro um grupo de italianos que poderá ter vindo à procura da sua Maria Pia, a princesa de Sabóia que casou com o rei D. Luís e fez do palácio a sua casa. 

“Gosto que as pessoas que aqui entram sintam que estão numa casa onde viveu uma família. E que não pensem nela apenas como uma família real com obrigações de Estado”, diz José Alberto Ribeiro, director do Palácio Nacional da Ajuda desde Maio. D. Luís e D. Maria Pia eram reis, é certo, mas também eram pais, recebiam familiares e davam festas para os amigos, lembra. “Tinham dois filhos para educar, D. Carlos e D. Afonso, de quem eram muito próximos.” É ela que anota, por exemplo, numas fitas de nastro as medidas de D. Carlos e do irmão, entre os três meses e os três anos e 1/3. É ele que ameaça pôr os infantes de castigo sempre que os dois decidem ir brincar para os telhados da Ajuda, depois de fugirem às amas e aos professores, explica o director.

“É claro que as crianças tinham amas-de-leite, como era hábito na época, mas os reis envolviam-se muito na sua educação e nota-se bem que tinham um grande orgulho nos filhos.” Maria Pia faz questão de os levar muito cedo a Itália para conhecerem a família materna, manda-os fotografar frequentemente e prepara-lhes festas de Natal a que não falta sequer um pinheiro enfeitado ao gosto da tradição nórdica, introduzida em Portugal pelo avô dos príncipes, D. Fernando II. D. Luís ria-se com frequência das traquinices dos filhos, mesmo quando o mais velho resolvia percorrer o palácio a tocar tambor, conta Carmina Correia Guedes no livro A Educação dos Príncipes no Paço da Ajuda (Ed. Palácio Nacional da Ajuda).

O historiador Rui Ramos, autor de uma biografia de D. Carlos (Temas e Debates), é mais contido no que toca à proximidade entre os reis e os filhos, dizendo que, na maior parte do tempo, estavam separados, embora houvesse um esforço de parte a parte para demonstrar cumplicidade, e não só em público. Ramos e Correia Guedes concordam, no entanto, que todo o palácio era um território lúdico para os pequenos príncipes, que, segundo o historiador, percorriam as salas do chamado “andar nobre” (1.º piso) de patins e se demoravam no jardim botânico, entretendo-se “a arreliar os macacos da enorme colecção de animais do rei”.

Muitos dos objectos ligados à infância dos príncipes - de sólidos de madeira a aguarelas, passando pelas toucas de renda que usaram desde muito cedo, por pequenos uniformes militares e até por caracóis de cabelo que estavam nas reservas - estão espalhados pelas vitrinas do palácio e devidamente assinalados. Juntos formam um conjunto de 150 itens ligados ao 150.º aniversário do nascimento de D. Carlos (1863-1908), o filho mais velho de D. Luís e D. Maria Pia, e ajudam a “humanizar” esta família real. “Com estes objectos entramos num universo ligado aos afectos que cria uma relação imediata com o público”, acrescenta José Alberto Ribeiro, chamando a atenção para um telegrama em que a rainha Vitória de Inglaterra se mostra interessada em saber que nome vão os reis dar ao pequeno príncipe. Um pouco inesperadamente, explica ainda o director, acabam por optar pelo nome do avô materno. “Maria Pia, que foi mãe aos 15 anos, chamava-lhe Carlino.”

Um destes objectos é precisamente o berço que D. Carlos usou no seu baptizado e que agora se pode ver na Sala Verde, onde o rei nasceu. O seu restauro ainda não está concluído – só a primeira fase, que tratou da estrutura em madeira, dos pequenos colchões ou das cortinas em tule bordado -, mas dá já para constatar que as conservadoras da Ajuda e os técnicos do Laboratório José de Figueiredo, ligado tal como o palácio à Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), tiveram muito a fazer entre Junho e Setembro.

Um berço de cerimónia
Filomena Mira, técnica de conservação do palácio, e Manuela Santana e Maria José Tavares, responsáveis pelos têxteis e mobiliário, juntaram-se a outros três restauradores do Laboratório José de Figueiredo (Filomena Rodrigues, Paula Monteiro e Luís Pedro) para colocar este berço de aparato (oficial, de cerimónia) de meados do século XIX o mais próximo possível do seu aspecto original.


Primeiro, explica Manuela Santana, foi preciso ir às fontes históricas para garantir que se tratava mesmo do berço de D. Carlos e só depois se traçou um plano de intervenção – tudo “em tempo recorde”, garante. Agora é preciso concluir o que se começou, acrescenta Maria José Tavares, aprofundando a investigação em jornais da época e outros documentos e dando tempo a que os técnicos se ocupem do dossel em damasco de seda verde que, depois de restaurado, deverá cobrir o tule bordado em branco pérola que tanto trabalho deu.

Na madeira, as lacunas de folha de ouro não foram preenchidas, mas a limpeza das superfícies foi muito exigente e, a olho nu, não se nota que haja falhas de maior, garante o técnico do laboratório. “Agora temos de pegar nas cortinas verdes, que têm grandes rasgões.” Manuela Santana e Maria José Tavares esperam que os trabalhos sejam concluídos no decorrer do próximo ano.
Uma capela por descobrir
O berço de D. Carlos é um dos itens mais recentes de uma extensa lista de acções de restauro e conservação que começaram na direcção de Isabel Silveira Godinho com salas no piso térreo do palácio e no “andar nobre” e que, agora, continuam com os objectivos traçados pelo seu sucessor.


José Alberto Ribeiro e a sua equipa vão dedicar-se agora àquela a que o director chama “uma das muitas jóias escondidas” da Ajuda – a capela desenhada por Miguel Ventura Terra, o arquitecto a quem se deve a reconversão do edifício do Parlamento ou os projectos para a Maternidade Alfredo da Costa e os Liceus Camões e Pedro Nunes, todos em Lisboa.

Encomendada pela própria Maria Pia (1847-1911), data de finais do século XIX, mas pouco se sabe sobre ela. A rainha usava-a depois da morte de D. Luís (1838-1889) e fez questão que tivesse nos vitrais as armas de Sabóia e de Portugal. São esses vitrais que agora ocupam duas grandes mesas de trabalho numa velha cozinha de lavagens transformada em oficina e que, antes de retirados, ajudavam a reforçar a atmosfera da capela, com paredes pontuadas de estrelas douradas, tecto de madeira e umas portas enormes com ferragens elegantes. Há nela qualquer coisa de catedral medieval inglesa, mas em miniatura.
“Era uma arrecadação e agora queremos transformá-lo num espaço de exposição da nossa pintura religiosa, onde vamos mostrar também alfaias litúrgicas saídas das reservas”, acrescenta o director. Refere-se a tocheiros e lanternins processionais, cristos em marfim e outros objectos usados no culto, como paramentos e cálices, alguns deles feitos para a própria capela.

A intervenção, que deverá estar concluída até ao fim do primeiro trimestre do próximo ano, está orçada em mais de 70 mil euros e será custeada pela Fundação Millennium BCP, mecenas que está também a apoiar, neste momento, trabalhos de conservação nos museus nacionais de Arte Antiga e do Azulejo.

“Mas o restauro não é o fim dos trabalhos na capela – é preciso continuar a estudá-la para a conhecermos verdadeiramente", conclui José Pedro Ribeiro. Com o berço do futuro rei passa-se o mesmo. “Cada vez que mexemos num espaço ou numa peça, ficamos a conhecer melhor esta família, que é a melhor maneira de conhecer este palácio.”
Fonte: Público

 
 O berço de D. Carlos, já após a primeira fase de restauro, está agora na Sala Verde, junto a um retrato colectivo: A Família Real em Queluz, de Joseph Layraud, uma pintura de 1876
D. Carlos fotografado num dos seus muitos berços, c. de 1864




Informações Exames Nacionais 2014 (História A)

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Estão disponíveis para consulta e divulgação as Informações relativas aos exames e às 

provas finais a realizar em 2014.  AQUI

A informação relativa à prova de exame final nacional do ensino secundário da disciplina de 

História A, a realizar em 2014, pode ser consultada AQUI




Mulheres na História (XLVII) Vittoria Colonna, uma intelectual do Renascimento

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Vittoria Colonna, Marquesa de Pescara, foi uma poetisa e intelectual do Renascimento. Não há acordo sobre a data de nascimento de Vittoria e calcula-se que tenha nascido em Abril de 1490 em Marino. Pertencente à família nobre dos Colonna era filha de Fabrizio Colonna e de Agnese da Montefeltro (filha do Duque de Urbino).  Os Colonna eram na altura aliados da família D'Avalos , e para selar esta aliança, foi acordado o casamento entre Victoria e Fernando Francesco d'Ávalos, quando eles ainda eram crianças. Casaram-se a 27 de Dezembro de 1509 em Ischia.

Como resultado das lutas políticas da época, Fernando combateu na Batalha de Pavia lutando ao lado de Carlos de Lannoy e a 3 de Dezembro de 1525,  faleceu em Milão devido aos ferimentos resultantes dos combates.

Com a morte do marido Vittoria  caiu numa depressão. Durante esta fase decidiu retirar-se para um convento em Roma, e fez amizade com vários eclesiásticos , entre os quais o espanhol Juan de Valdés .

Vittoria tornou-se autora de poesias continuadoras da tradição de Petrarca na sua geração, foi uma mediadora política, reformadora religiosa, e os seus méritos próprios foram amplamente reconhecidos ainda em  vida, mas a historiografia posterior  retratou-a indevidamente mais como uma figura passiva, à sombra de grandes homens que conheceu, entre eles,  Pietro Bembo , Luigi Alamanni e Baldassare Castiglione . Ela também teve um relacionamento próximo com os reformadores,  Pietro Camesecchi , Juan de Valdés e Ochino Bernardino. A sua proximidade com Miguel Ângelo é amplamente conhecida.


É possível que tenha conhecido Miguel Ângelo aproximadamente em 1537, mas a sua relação só se estreitou em 1542 quando Miguel Ângelo já era idoso e ela, viúva há dezassete anos. Discutiam arte e religião. Para ela Miguel Ângelo escreveu várias poesias e produziu desenhos, e ela por sua vez dedicou-lhe também uma série de poemas. Walter Pater comparou a relação de ambos com a de Dante e Beatriz. Da parte de Vittoria, Abigail Brundin disse que as poesias que ela dedicou ao seu amigo revelam um esforço de lidar com a responsabilidade pela sua vida interior e de compartilhar os frutos do labor no espírito de uma comunhão evangélica com alguém que passava pelas mesmas dúvidas e agitações de alma. Miguel Ângelo esteve presente na sua agonia, e ela faleceu nos seus braços, a 25 de Fevereiro de 1547, enquanto ele em lágrimas beijava as suas mãos sem cessar. Mais tarde arrependeu-se de não ter ousado beijar-lhe a testa e a face. Condivi registou que após a morte de Vittoria, Miguel Ângelo passou um longo período transtornado, como se tivesse perdido a razão. Num soneto expressou a sua tristeza e revolta, e disse que jamais a natureza fizera face tão bela.
Fontes:  Brundin, Abigail. Vittoria Colonna and the spiritual poetics of the Italian Reformation
wikipedia(imagens)

Ficheiro:Vittoria Colonna from Lazio.jpg
Vttoria Colonna, por Sebastiano del Piombo, c. 1520
Arquivo: Coluna da vitória de barcelona.jpg
Vttoria Colonna, por Sebastiano del Piombo
Arquivo: Vitória Colonna.jpg
Vittoria Colonna, por Miguel Ângelo

Christie’s já pôs um preço final na colecção do museu de Detroit

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O relatório final da Christie’s, uma das maiores leiloeiras do mundo, tem 150 páginas e já foi entregue ao gabinete que gere a bancarrota de Detroit, liderado por Kevyn Orr.
A empresa foi encarregada, em meados deste ano, de avaliar parte da colecção do museu de arte da cidade, o Detroit Institute of Art (DIA), para que Orr e a sua equipa possam saber quanto renderá esta garantia já tantas vezes mencionada como “solução de recurso” nos esforços de tirar a capital da indústria automóvel americana da situação de calamidade financeira em que se encontra.


Contas feitas a 5% do acervo do DIA — a Christie’s pôs um preço apenas nas 2773 obras compradas com fundos camarários — e chega-se ao intervalo 454-867 milhões de dólares (entre 330 e 630 milhões de euros). A casa de leilões cingiu-se apenas a uma pequena parcela da colecção de 66 mil peças porque a restante está abrangida por outros vínculos ao museu, como doações e empréstimos, explicam os jornais.

No comunicado em que dá conta de que o relatório está entregue, a leiloeira garante ainda que o extenso documento avança também uma série de “recomendações” para que a cidade saiba como pode tirar partido destas obras sem ter de prescindir dos seus direitos de propriedade.

No mesmo comunicado, o presidente da Christie’s americana, Doug Woodham, garante que a empresa cumpriu o que lhe foi pedido pela equipa de gestão de emergência de Detroit, conferindo às quase 3000 peças o “justo valor de mercado”. “Também fornecemos alternativas à venda capazes de angariar dinheiro para a cidade, permitindo manter a colecção intacta.”

Entre estas alternativas estão, escreve o jornal Detroit News, a de dar algumas das obras como garantia para futuros empréstimos, alugar outras a museus que o solicitem ou permitir que sejam adquiridas por coleccionadores e organizações sem fins lucrativos que, depois, as emprestariam ao DIA a título permanente. O estabelecimento de um “fundo de obras-primas” cujas acções seriam adquiridas por investidores e a criação de receita através de exposições itinerantes são outras hipóteses.

Os responsáveis do museu já vieram manifestar-se contra estas propostas, dizendo que “põem a colecção em sério risco” e assegurando, lê-se no diário espanhol El País, que tencionam recorrer a todos os mecanismos legais para manter o acervo intocável.

Os valores agora apresentados estão ligeiramente acima dos divulgados a 2 de Dezembro pelo estudo preliminar da leiloeira. Contudo, muitos especialistas e credores alertam para o facto de que os números avançados podem estar muito abaixo do valor real, já que obras como a de Brueghel, o Velho (Dança de Casamento, c. 1566) não aparecem há décadas no mercado e que, por isso, se torna impossível estabelecer paralelismos com leilões recentes ou chegar a estimativas rigorosas.

Em caso de venda, Dança de Casamento promete ser a obra mais cara do lote, ficando algures entre 100 e 200 milhões de dólares (73 a 146 milhões de euros). Mas há outras pinturas na casa das dezenas de milhões, como Auto-retrato com Chapéu de Palha, 1887, de Vincent van Gogh (58 a 110 milhões de euros), A Visitação, 1640, de Rembrandt van Rijn (37 a 66 milhões), e A Janela, 1916, de Henri Matisse (29 a 58 milhões).

Lembra o diário The New York Times que a possível venda de parte do acervo do DIA tem provocado polémica. Se, por um lado, os credores da cidade argumentam em tribunal que uma colecção de arte não é um bem essencial, podendo ser alienada para pagar dívidas nas áreas da saúde e das pensões, por outro, os que apoiam o museu defendem que o acervo faz parte da história de Detroit e que sob pretexto algum deve ser vendido.

Recentemente, o DIA entrou em negociações com os mediadores da bancarrota – a falência foi decretada em Julho, quando a cidade foi a tribunal pedir protecção contra os credores –, em particular com o juiz federal Gerald Rosen. É este representante que está em conversações privadas com uma série de filantropos para tentar reunir 500 milhões de dólares (365 milhões de euros) que seriam entregues aos responsáveis municipais caso estes concordassem em abdicar do museu, que seria transformado numa instituição sem fins lucrativos, à semelhança de tantos outros espalhados pelo país.

Seja qual for o valor atingido pelo acervo vendável do DIA, ficará certamente muito longe do montante total da dívida de Detroit, avaliada em, pelo menos, 18 mil milhões de dólares (13 mil milhões de euros).
Fonte: Público 


 
The Wedding Dance, c. 1566, de Brueghel, o Velho 

O nosso Natal é como o dos príncipes do século XIX

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Foi D. Fernando II quem, nostálgico das tradições da sua infância, resolveu um dia fazer no palácio uma árvore de Natal para os sete filhos que tinha com a rainha D. Maria II, e distribuir presentes vestido de São Nicolau. Em Inglaterra, a rainha Vitória encantava-se com a mesma tradição, trazida pelo seu marido, Alberto, primo de D. Fernando. Pela mão dos dois primos germânicos nascia a festa de Natal como a conhecemos hoje.

Alguns dos principezinhos espreitam por detrás de uma cortina. Um outro, mais velho, está sentado numa cadeira, rindo, com as pernas no ar. Há um que parece tapar os olhos, como quem espera uma surpresa, e as duas meninas espreitam para dentro de um dos sacos da figura vestida de escuro que ocupa o centro da gravura. Ao fundo, sobre uma mesa, está, toda enfeitada, uma árvore de Natal.

Eram assim as noites de Natal da família real em meados do século XIX. D. Fernando II, marido da rainha D. Maria II e pai dos seus sete filhos, representava nas suas gravuras e águas-fortes o ambiente familiar, com ele próprio vestido de S. Nicolau a distribuir presentes. Mas o que é significativo na imagem é o facto de, segundo se crê, ela ser a primeira representação de uma árvore de Natal em Portugal. 

D. Fernando era alemão. Com o seu primo Alberto, tinha passado a infância comemorando o Natal segundo a velha tradição germânica de decorar um pinheiro com velas, bolas e frutos. Por isso, quando começaram a nascer os seus filhos com D. Maria II - a rainha teve 11 gravidezes, mas só sete crianças sobreviveram, e a própria D. Maria morreu aos 34 anos, no parto do 11.º filho - D. Fernando decidiu animar o palácio com um Natal de tradições germânicas.

A rainha ficava encantada. Nas cartas à sua prima, a rainha Vitória falava com entusiasmo dos preparativos para a festa de Natal, que seria, aliás, muito semelhante à que Vitória (que tinha casado com Alberto) organizava no Castelo de Windsor, em Inglaterra. 

"Nada, nem o ar amuado de D. Pedro [o primogénito e futuro rei D. Pedro V], conseguia estragar as festas de Natal", escreve Maria Filomena Mónica em O Filho da Rainha Gorda - D. Pedro V e a sua mãe, D. Maria II, conto que escreveu inicialmente para os netos e que foi depois editado pela Quetzal. "Na Alemanha, onde havia grandes florestas, era costume montar-se, nessa época, uma árvore, enfeitada com flores, bonecos e bolas. Em Portugal, o uso era antes o presépio, com o Menino Jesus nas palhinhas. Em 1844, D. Fernando resolveu fazer uma surpresa à família. Colocou em cima da mesa um pinheirinho, pondo ao lado os presentes."


Podemos imaginar o que seriam os presentes dos príncipes graças a outra gravura de D. Fernando que mostra o príncipe D. João, pequenino, com uma camisa de noite comprida e segurando um cavalinho na mão, a olhar para uma mesa enfeitada com a árvore de Natal, e rodeado de bonecos - um tambor, um estábulo com animais, um soldado de chumbo montado num cavalo. O Natal deixava de ser apenas uma festa religiosa e passava a ser uma festa das crianças. 

A vida da família real

"O século XIX é fracturante em relação ao passado na promoção de uma nova visão do convívio da família", explica Nuno Gaspar, historiador e técnico do Palácio da Pena, em Sintra,. "A tradição dos presentes não existia, sobretudo nos meios mais populares. Esta associação dos presentes que são trazidos pelos Reis Magos para oferecer ao Menino Jesus não existe antes. Pôr as crianças no centro das festividades do Natal é obra do século XIX."


Ao contrário do que acontecia anteriormente, é agora evidente uma intimidade muito maior entre pais e filhos - e os ambientes domésticos reflectem isso. Sobretudo o Palácio da Pena, onde D. Fernando pôde tornar realidade o sonho de qualquer romântico, nas salas indianas ou árabes, nos salões, nos quartos ricamente decorados, nos espaços mais pequenos para as noites em família, a ler, a tocar piano ou a brincar com as crianças, nas torres e num jardim com pontes, grutas, pérgulas e fontes. 

"O homem do Romantismo não gosta de grandes espacialidades, prefere espaços acolhedores, quentes, que promovam a aproximação entre os indivíduos", acrescenta Nuno Gaspar. "A Pena é a expressão de uma modernidade, um espaço que tem que se prestar a acolher o tempo íntimo da família."

Nos espaços públicos também se reflecte essa relação mais próxima entre pais e filhos, e vai-se criando a imagem de uma família real igual a todas as outras. Os reis e os príncipes passeavam no Passeio Público e conta-se mesmo que, um dia, D. Maria passeava com o príncipe D. Luís no Jardim da Estrela e, perante a relutância da criança em abraçar outro menino que ali brincava, ela o terá encorajado a fazê-lo. 

A educação era marcada também pelo rigor. "Os infantes e os príncipes passavam muito tempo com os preceptores, mas os pais não se eximiam da sua função de educadores", diz o historiador. "Eles [os monarcas] viviam para os filhos, mas com alguma exigência", confirma José Monterroso Teixeira, especialista em História da Arte e da Arquitectura. "O rei institui a prestação de provas públicas e impõe um currículo prussiano, com um corpo de professores muito seleccionado." 

O futuro rei D. Pedro V e os irmãos tiveram, assim, uma formação muito diferente da da mãe e mesmo do avô e tio-avô, D. Pedro e D. Miguel. "Nos dois anos que se seguiram à morte da mãe, D. Fernando pôs D. Pedro e D. Luís a viajar pela Europa", porque achava fundamental que eles conhecessem o mundo, explica Monterroso Teixeira. 

Filomena Mónica conta o mesmo no seu livro: "Fora do Natal, os príncipes seguiam um horário de estudo disciplinado. O pai não era para brincadeiras. Sempre que podia, dava-lhes lições, sobretudo de Zoologia e Botânica. [...] Muito estudioso, D. Pedro começou logo a fazer exercícios de tradução. Aos 11 anos, foi sujeito, com êxito, a um exame diante dos pais. Estes, e os fidalgos que estavam presentes, ficaram admirados com a forma como ele fizera uma redacção em latim."

A rainha Vitória e Dickens

Os tempos livres eram também cheios de actividades. Na serra de Sintra (D. Maria II nunca chegou a viver na Pena, porque a obra ainda não estava terminada quando ela morreu, em 1853), conta Filomena Mónica, "de dia faziam piqueniques, à noite viam fogos-de-artifício, e às vezes a rainha organizava bailes. Em meados do mês, voltavam para Lisboa".


Os nobres, primeiro, e o povo, depois, vendo os hábitos da família real, entre os quais a tradição da árvore de Natal, começam a imitá-los. O mesmo se passa em Inglaterra. Não é por acaso que se fala em Natal vitoriano - muitas tradições que ainda hoje se mantêm nasceram nesta altura. 

Em 1848, o Ilustrated London News publicou um desenho em que se vê a família real em torno de uma árvore de Natal, com a rainha Vitória e o príncipe Alberto a olhar para os filhos, que contemplam, fascinados, as luzes. A publicação da imagem (que, um ano depois, chegou aos EUA) teve um efeito imediato e em muitas casas começou-se a instituir a tradição da árvore (em Portugal, o desenho de D. Fernando não foi publicado por isso o processo terá sido mais lento).

"Hoje tenho dois filhos aos quais posso dar presentes e que, sem saberem bem porquê, estão cheios de um maravilhamento feliz perante a árvore de Natal germânica e as suas velas brilhantes. [A árvore] afectou profundamente o Alberto, que ficou pálido, tinha lágrimas nos olhos e apertou a minha mão com ternura", escreveu a rainha Vitória, segundo conta Anna Selby em The Victorian Christmas. 

Ao longo do século XIX, outras tradições natalícias foram surgindo. Em 1843, Henry Cole pediu ao artista J. Calcott Horsley que desenhasse um postal de Natal - o desenho mostrava um grupo de pessoas a comer e a beber em volta da mesa de Natal e tinha escritos votos de Feliz Natal e Bom Ano Novo. 

Nesse primeiro ano, imprimiram-se apenas mil, mas, nas décadas seguintes, generalizou-se o envio de cartões de Natal e desenvolveu-se uma indústria de decorações cada vez mais elaboradas. Com a árvore, chegou também a figura de S. Nicolau - que Fernando II encarnava para distribuir os presentes pelos filhos. Terá sido um editor de Nova Iorque, William Gilley, quem, em 1821, publicou um poema anónimo num livro infantil que falava em Santa Claus (o nome virá do holandês Sinterklaas) e no seu trenó puxado por renas. A imagem do Pai Natal como um velhote bonacheirão de barbas brancas carregando sacos de brinquedos surgiu também no século XIX pela mão do cartoonista americano Thomas Nast. 


Mas quem melhor terá descrito o espírito do Natal vitoriano foi Charles Dickens - não é por acaso que ficou conhecido com "o homem que inventou o Natal". Foi ele quem, em 1843, escreveu Conto de Natal, a história do velho e avarento Scrooge, e são os livros de Dickens que instalam definitivamente no nosso imaginário a imagem da véspera de Natal como uma noite fria, com o nevoeiro a invadir as ruas, e as casas acolhedoras e aquecidas, com a família reunida à volta de um peru e da árvore de Natal - a tal inovação que tanto entusiasmava toda a Europa e que, num texto publicado em 1850, o escritor descreve como "aquele bonito brinquedo alemão".

Fonte: Público
Gravura de D. Fernando II com o rei vestido de S. Nicolau 

24 de Dezembro de 1837: Nascimento da imperatriz Sissi

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No dia 24 de Dezembro de 1837 nascia, no paço dos duques da Baviera, a mulher que se tornaria uma das mais famosas do seu tempo: a imperatriz Sissi da Áustria (nome de baptismo: Elisabeth Amalie Eugenie von Wittelsbach). O seu fascínio ainda persiste.
A beleza era o principal capital de Sissi. Segundo a historiadora Brigite Hamann, biógrafa da imperatriz, a sua tez marmórea, os cabelos longos até aos joelhos, a figura esbelta e o sorriso de fada tornavam-na irresistível já quando adolescente. Quando o jovem imperador austríaco Francisco José da Áustria procurou uma esposa à altura de sua posição social, Sissi foi a eleita, em detrimento de sua irmã mais velha, Helene, que já havia sido prometida ao imperador.

Segundo o historiador Ulrich von Otto-Kreckwitz, sobrinho em terceira geração da imperatriz, "Francisco José amou muito a sua mulher. Eles tiveram quatro filhos: a primeira morreu cedo, depois veio a duquesa Gisela, o príncipe herdeiro Rudolph e, em seguida, a última duquesa, que sobreviveu a todos".

O amor sempre foi unilateral. A vida impessoal da corte era insuportável para a hipersensível Elisabeth. Poliglota, amante da arte e da natureza, achava o marido enfadonho, por ser extremamente consciente dos seus deveres. A sua vida foi dedicada ao culto da beleza corporal, à estética e à cultura, Sissi não tinha lugar para obrigações maternas ou actividades representativas.

Segundo Brigitte Hamann, ela dedicou-se de maneiras muito diferentes aos seus filhos. "Quase não tratou de Rudolph e ignorou Gisela completamente. Já Marie-Valerie era a sua filha predilecta. Os outros dois cresceram bastante solitários. Portanto, ela não pode ser classificada pelos historiadores como uma grande mãe."

Vaidade e solidão

A odiada vida na corte desgastou os nervos de Elisabeth. Viciada em dietas para emagrecer, refugiava-se em infindáveis viagens. O suicídio do filho Rudolph em Mayerling serviu-lhe de pretexto para abandonar de vez a vida pública. Nasceu aí o mito da bela misteriosa e inacessível.

Segundo o professor Ulrich von Otto-Kreckwitz, ela era "uma mulher extremamente vaidosa, muito egocêntrica e narcisista. O declínio de sua beleza doeu-lhe muito. Por exemplo, ninguém sabia que ela tinha dentes postiços, o que ela escondeu cuidadosamente.

Na juventude, Elisabeth fizera questão de documentar e publicar a sua beleza em retratos. Mas as marcas da sua velhice ninguém deveria ver. Realizou a façanha de manter-se viva na memória popular como eternamente jovem. Não há retratos dela depois do trigésimo aniversário. Ela escondia a sua verdadeira face atrás de véus e leques. A fuga constante do olhar dos curiosos tornou-a solitária. Preencheu com poesia os seus últimos anos de vida em isolamento voluntário.

Afundada na solidão, confiava ao diário o que sempre escondeu do imperador Francisco José I. "Perambulo solitária sobre a Terra, há tempo alienada da vida e do prazer; não tenho e nunca tive alma que me entendesse", escreveu pouco antes de morrer.

Morte trágica

A 10 de Setembro de 1898, quando passeava às margens do Lago Léman, em Genebra, a imperatriz foi apunhalada no coração com um estilete pelo jovem anarquista italiano Luigi Lucheni. A esta altura, porém, Sissi era uma idosa desiludida, que há tempo já havia criado o seu mito de beleza imortal.

No centenário da sua morte, em 1998, chegou a ser comparada com a princesa Diana: casou-se por amor, ainda jovem e inexperiente; as bodas foram um espetáculo que durou uma semana e entusiasmou toda a Europa; desde o início, a sua vida atraiu a atenção da imprensa e foi descrita como a beldade do século; era atlética, mas também anoréxica; manteve enormes disputas com a sogra; era tremendamente popular entre os súbditos, mas detestada pela corte; embora amasse o imperador Francisco José, acabou por se afastar dele; e, finalmente, morreu de forma trágica.

Fontes: DW
wikipedia (imagens)
File:Erzsebet kiralyne photo 1867.jpg
Fotografia da imperatriz no dia da sua  coroação como rainha da Hungria, 8 Junho de 1867
File:Erzsébet királyné by Székely Bertalan.jpg
A imperatriz coroada rainha da Hungria

Ficheiro:Winterhalter Elisabeth 2.jpg
Imperatriz Elisabeth da Áustria, por Franz Xaver Winterhalter. Tem o cabelo enfeitado com estrelas de ouro branco cravejadas de diamantes



24 de Dezembro de 1871: Estreia-se, no Cairo, a ópera "Aida", de Giuseppe Verdi

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Em 24 de Dezembro de 1871 estreou no Cairo a ópera "Aida", de Giuseppe Verdi. Encomendada para a inauguração do Canal de Suez, ela só ficou pronta dois anos depois da inauguração.
As descobertas  arqueológicas no Egipto em finais do século XIX, desencadearam uma espécie de egiptomania na Europa. Esse fascínio pelo país dos faraós encontrou a sua apoteose musical na ópera Aida.

Nessa época, crescia também a influência europeia no Egipto, marcada pela construção do Canal de Suez. Em 1869, Ismael Pasha, vice-rei egípcio, encarregou o egiptólogo Auguste Mariette de encomendar a Giuseppe Verdi a composição de uma ópera para a inauguração do Teatro Real do Cairo durante as festividades de abertura do canal.

Verdi, porém, não entregou a ópera no prazo previsto (Pasha contentou-se com uma apresentação de Rigoletto) e o mundo teve que esperar até o Natal de 1871 pela obra monumental do compositor italiano.

Unidos na morte

A acção desenrola-se no antigo Egipto, tendo como personagem principal uma escrava etíope (Aida) que serve a filha do faraó, Amneris. Aida apaixona-se pelo jovem guerreiro Radamés, comandante dos exércitos do pai de Amneris, que promete resgatá-la do cativeiro. Pelasuas proezas de guerra, Radamés conquista a mão de Amneris, que vê uma rival em Aída.

Ao revelar, acidentalmente, um segredo militar, Radamés é acusado de traição e condenado a ser enterrado vivo, sem que Amneris possa impedir a execução da pena. Aida, que supostamente teria escapado com o seu pai, surge das sombras da câmara mortuária de Radamés para compartilhar o seu triste destino. Assim, um drama que poderia ter um tom nacionalista transformou-se na história dos amantes que, acima de todas as paixões, têm a sina de perpetuar o seu amor, ao compartilhar a passagem ao mundo dos mortos.

A ópera baseou-se num texto do próprio Mariette, reescrito por Camille Du Locle e transformado em libreto pelo italiano Antonio Ghislanzoni. Verdi compôs a música em apenas quatro meses. Ajustada à estrutura tradicional da época, em quatro atos, Aida não é uma epopeia dos feitos militares do Egipto. Apesar dos cenários grandiosos e triunfais, a obra conserva também um carácter íntimo, ao falar do indivíduo e das suas paixões.

A estreia no Cairo já estava prevista para Janeiro de 1871, mas foi impedida por conflitos internacionais. Como a França estava em guerra com a Prússia, os figurinos e cenários, produzidos na Paris sitiada, demoraram quase um ano para chegar à capital egípcia. Apesar do atraso, Aida teve uma excelente repercussão junto ao público e da crítica. Em 1872, foi levada para Milão, iniciando um triunfo que dura até hoje.


Giuseppe Verdi

Giuseppe Verdi foi o mais famoso compositor italiano de óperas e um dos principais expoentes do canto lírico mundial. Nascido em 9 (ou 10) de Outubro de 1813, filho de um dono de albergue em Parma, Verdi foi um autodidacta. Em 1839 já estreava no Scala de Milão com Oberto. Os seus primeiros sucessos de público foram Ernani, baseada em Victor Hugo, Joana d'ArcÁtila e Macbeth, na qual investiu um ano de intenso trabalho.

Durante temporadas em Londres e Paris, compôs as suas obras de maturidade O trovador e La Traviata, de êxito mediano na época, mas que se tornariam clássicos. Após ter feito carreira como grande trágico, o autor de 27 óperas surpreendeu o mundo em 1893 com uma incursão no mundo da comédia. Aos 80 anos de idade, apresentou a hilariante e profunda Falstaff, baseada em As alegres comadres de Windsor, de William Shakespeare. Ao falecer em Milão, em 1901, Verdi era um dos grandes heróis nacionais italianos.


 Fontes:DW
wikipedia(imagens)
File:Set design by Philippe Chaperon for Act1 sc2 of Aida by Verdi 1871 Cairo - Gallica (adjusted).jpg
Esboço do cenário por  Philippe Chaperon

File:Aida poster colors fixed.jpg
Cartaz de 1908

O postal de Natal: Uma tradição com 170 anos

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O primeiro postal de Natal foi criado em Inglaterra, em 1843, pela falta de tempo de um director de museu. Depressa, correu as caixas de correio do mundo.
Chega a cada vez menos lares, mas ainda não deixou de ser um ícone do Natal. Para alguns, ainda resiste à era tecnológica e à preguiça social. Para outros, pertence completamente ao passado, está banido e enterrado. 

A mensagem é universal: votos de boas festas. Mas como surgiu o postal de Natal e em que circunstâncias? É preciso recuar até ao século XIX para encontrar as origens deste pedaço de papel, que começou a correr o mundo por esta altura do ano, nas suas mais variadas formas e feitios. 

O primeiro postal da quadra surgiu em Inglaterra, em Dezembro de 1843, pelas mãos do pintor John Callcott Horsley. Foi uma encomenda de Sir Henry Cole, director do South Kensington Museum (rebaptizado depois como Victoria and Albert Museum). No Natal, Cole escrevia cartas com motivos natalícios aos seus familiares e amigos para lhes desejar boas festas. Mas nesse ano de 1843, o trabalho acumulou-se. Faltava-lhe tempo. Foi aí que Cole pediu a Horsley para criar um postal com uma única mensagem, que pudesse ser duplicada e enviada a todas as pessoas do seu círculo. 

Colorido à mão, este primeiro postal ilustrava uma família em festa durante o Natal, que brindava ao seu amigo ausente (o remetente do postal) com um copo de vinho de tinto. Legendado com a frase ‘Merry Christmas and a Happy New Year to You’, tinha em cada um dos lados mensagens de caridade, como vestir os desnudados e alimentar os pobres. 


Na altura, os postais excedentes, cerca de mil, venderam-se a um xelim cada. Hoje, ainda há uma dúzia desses postais originais, sendo que um deles foi leiloado em 2004 por 22,.500 libras, como o histórico exemplar postal de Natal.
Fontes: Sol
           Wikipedia

Arquivo: Firstchristmascard.jpg

26 de Dezembro de 1606: Estreia de "Rei Lear", de Shakespeare, na corte de Jaime I

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Rei Lear é uma tragédia de William Shakespeare escrita entre 1603 e 1606 e representada, pela primeira vez, em 26 de Dezembro de 1606.É apresentada em verso e prosa e constituída por cinco actos. Considerada uma das melhores tragédias do dramaturgo, a peça baseia-se na lenda do rei dos Bretões, Lear, cuja primeira versão foi escrita pelo historiador Geoffrey de Monmouth, no século XII.


A acção inicia-se com a decisão do rei em renunciar ao poder, dividindo o reino em três partes para distribuir cada uma pelas suas três filhas, Regan, Goneril e Cordélia. Antes da legação, Lear pedeàs filhas que deem provas do seu amor filial. As duas primeiras, Regan e Goneril, manifestam o seu pseudo amor pela adulação. Lear, satisfeito, entrega-lhes as partes do reino correspondentes a cada uma delas. Posteriormente, as jovens casam respetivamente com o Duque de Cornwall e o Duque de Albany.


Mas o rei destina o melhor território para a sua filha dileta, Cordélia, a mais nova das três irmãs. Esta afirma o seu amor filial com toda a simplicidade. Incompreendida, Lear, furioso, deserda-a. Por falta de dote, um dos seus pretendentes, o Duque de Burgundy, desinteressa-se por ela. No entanto, o rei de França, reconhecendo as virtudes e o carácter correto de Cordélia, casa com a jovem.
Afastado das funções régias, Lear conserva unicamente o título de rei e um séquito, que o acompanha quando visita Regan e Goneril. Aos poucos, começa a aperceber-se da falsidade destas filhas.À medida que envelhece, vai sentindo não a decadência das suas condições físicas e mentais, como também o abandono de todos.
Tendo conhecimento de tal situação e da agitação provocada por vários nobres no seu antigo reino, Cordélia envia as tropas francesas em auxílio do pai, para salvá-lo das vicissitudes por que passava. Em vão.É capturada e enforcada por ordem da irmã Regan. Por rivalidades amorosas, esta acaba por ser envenenada por Goneril, que a seguir se suicida, apunhalando-se. Lear, ao saber da morte da filha Cordélia, morre de desgosto.
Destacam-se algumas realizações artísticas baseadas na obra: a abertura sinfónica O Rei Lear, composta, em 1831, por Hector Berlioz; a pintura de Willam Dyce, intitulada"King Lear and the fool in the storm" (tradução livre: Rei Lear e o bobo na tempestade); várias versões televisivas, como a de Peter Brook (1953), com interpretação de Orson Welles no papel de Lear, e a de Grigori Kozintsev (1970), e a de Michael Eliot (1983), na qual Learé desempenhado por Laurence Olivier, e, ainda, a versão teatral realizada por Christian Liardet, em 1999.
Rei Lear. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. 
Wikipedia
Ficheiro:King Lear Q1.jpg

Ficheiro:Kinglearpainting.jpeg
Rei Lear e o bobo na tempestade", por William Dyce 
Ficheiro:Goneril and Regan from King Lear.jpg

Goneril e Regan, por Edwin Austin Abbey


120º aniversário do nascimento de Mao Tse - Tung

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Militar, poeta, ideólogo e político chinês, Mao Tsé-Tung - ou Mao Zedong, considerado por muitos como a versão do nome mais correta - nasceu a 26 de dezembro de 1893, numa família camponesa do interior da China. As posses da sua família permitiram-lhe frequentar um curso para professor primário, o que o fez deslocar-se para meios urbanos onde a vida política era muito intensa. Após o termo da Primeira Guerra Mundial e sob a forte influência das notícias e das novas ideias provenientes da Rússia revolucionária, adere ao marxismo e torna-se um dos membros do pequeno grupo de ativistas que funda o Partido Comunista da China, em 1923, assumindo de pronto funções de direção.
Após alguns anos de entendimento com o Kuomintang, irrompe o conflito entre aquele partido e os comunistas chineses. Contrariando as teses dos seus camaradas, que, fiéis à letra dos escritos de Marx e orientados pelo exemplo soviético, criam que a revolução só seria possível nas cidades e sob a liderança do proletariado (que na China tinha um peso social e económico mínimo), Mao transfere a luta para os campos, organizando os camponeses e formando um exército que irá sustentar uma luta implacável, extremamente dura e prolongada, contra as forças do governo da república chinesa. A sorte da luta obrigá-lo-á a deslocar as suas forças para o interior, numa Longa Marcha de milhares de quilómetros, sempre sob a pressão dos seus adversários, que o forçam a travar inúmeros combates. Mao vence com dificuldade as hesitações dos seus próprios camaradas de partido e consegue estabelecer um governo soviético no interior (Yenan, 1935), daí partindo ao contra-ataque.
A guerra civil prolongar-se-á até 1949, sendo unicamente interrompida pela invasão japonesa durante a Segunda Guerra Mundial, que obriga os contendores a entenderem-se, apesar das desconfianças mútuas, para enfrentar o inimigo comum. Em outubro daquele ano, Mao entra na capital e proclama a República Democrática da China, na qual assumirá funções da mais alta importância, quer na direção do Estado quer na chefia do partido. Os governos e o partido sob a sua orientação põem em prática políticas de desenvolvimento económico acelerado e, no plano externo, propõem políticas de luta anti-imperialista que desagradam quer à URSS quer a meios políticos internos, o que leva à eclosão de vários conflitos no interior do país (a Revolução Cultural radicaliza a vida política, nela procurando Mao neutralizar elementos tidos por conservadores e seguidores de políticas burguesas tendentes à restauração do capitalismo) e com o seu aliado histórico soviético (a divergência sino-soviética a respeito das características da revolução e a luta contra o capitalismo e o imperialismo não só coloca os dois países em conflito público e aberto como cinde o movimento comunista internacional).
Nos últimos anos da sua vida (morre a 9 de setembro de 1976), dominado pela doença, parece ter perdido muita da sua autoridade efetiva, embora continuasse nominalmente detentor do poder (trata-se, no entanto, de uma fase ainda envolta nas brumas da polémica e da especulação). Registe-se ainda que Mao, além de poeta de estilo clássico, é autor de uma vasta produção escrita, de carácter político, ideológico e de doutrina militar, em tom ora polémico ora didático, que são o reflexo e a expressão da sua luta e das suas ideias.
Como referenciar este artigo:
Mao Tsé-Tung. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. 
wikipedia (imagens)

Ficheiro:Mao 1936.jpg
Mao Tse - Tung em 1936
Ficheiro:China, Mao (2).jpg
Mao Tse-tung proclama a fundação da República Popular da China em 1 de Outubro de 1949 em Pequim

Análise da obra:"O Passeio" ou "Mulher com Sombrinha", de Claude Monet

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O Passeio, Mulher com Sombrinha (1875), também conhecido como Madame Monet e o Filho, ou ainda como Camille e Jean na Colina, está entre os quadros mais famosos do pintor impressionista Claude Monet. Esta obra pertence a uma série de pinturas de Monet durante os Verões 1875 e 1876 e que representam o jardim da sua nova casa em Argenteuil e campos cobertos de papoilas perto de Colombes e Gennevilliers.

A sua primeira esposa Camille e o seu filho Jean (que teria aproximadamente 8 anos)servem de modelo para a obra. O mais incomum é que ambos são vistos de baixo para cima. Este enquadramento mais casual é uma influência directa da fotografia, que no período de desenvolvimento do impressionismo começava a ser explorada pelos artistas.
 O dia está ensolarado e o céu cheio de nuvens brancas, passando ao observador uma sensação de tranquilidade e frescura, pois a luz e a brisa parecem ultrapassar os limites da tela. 
O pequeno Jean, distante da mãe, aparece mais ao fundo, à esquerda, com o seu chapeuzinho redondo e com as mãos nos bolsos, como se a sua presença fosse apenas acidental, sendo a mãe a personagem mais importante da cena. Embora os seus traços sejam apenas esboçados, ele mostra-se bastante sério, mantendo um olhar distante. A vegetação cobre-lhe quase que metade do corpo, enquanto ele parece focar algo distante.
A presença do vento na pintura pode ser percebida através do esvoaçar das vestes de Camille e do dobrar da vegetação. Os seus pés não são vistos, pois estão cobertos pela relva e flores. Mesmo assim, Camille mostra-se vaporosa e parece flutuar, levada pela sua sombrinha delicada, mas firme, colocada à direita do seu corpo. O seu olhar parece dirigir-se ao espectador.

Observando o céu e a relva, notamos que o artista usou longas e rápidas pinceladas, principalmente ao pintar as nuvens, como se não tivesse tempo a perder, se quisesse captar aquele momento, pois a presença do vento ainda torna as nuvens mais fugidias. O vento agita a roupa da modelo, assim como o seu véu, balança a sombrinha, dobra a vegetação e brinca com as nuvens.

Doze anos após a pintura em que Camille e Jean serviram de modelo (e sete anos após a morte de Camille), Monet voltou ao mesmo tema, só que dessa vez sem a presença de uma criança. Suzanne Hoschedé, uma das filhas da sua companheira Alice, serve de modelo. Com ela, fez duas composições: Ensaio de Figura ao Ar Livre, Voltada à Direita e Ensaio de Figura ao Ar Livre, Voltada à Esquerda.
O Passeio encontra-se  na National Gallery of Art em Washington.
wikipedia(imagem)
File:Monet Umbrella.JPG
O Passeio ou Mulher com Sombrinha, de Claude Monet

Banhos judaicos medievais descobertos em Coimbra

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Uma rotura de canos num prédio de Coimbra levou à descoberta do que se julga ser uma estrutura medieval destinada a banhos rituais femininos judaicos. Esta espécie de pequena piscina para fins religiosos apareceu na cave de um edifício da Rua do Visconde da Luz, na área da antiga judiaria da cidade, e está surpreendentemente bem preservada.

O arqueólogo Jorge Alarcão diz que, neste estado de conservação, “pode ser caso único em Portugal”. E o presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado, embora ressalve que “o estudo do achado ainda está a decorrer”, admite que se trate da “descoberta arqueológica mais importante que se fez em Coimbra ao longo dos últimos 70 anos”.

Ou seja, depois da descoberta do criptopórtico romano, agora devidamente recuperado e visitável no recentemente reaberto Museu Nacional Machado de Castro, o achado destes banhos judaicos promete oferecer mais uma peça importante ao património de Coimbra. Mas ainda há muito a fazer. Neste momento, explica Manuel Machado, “está-se ainda a identificar os proprietários e os direitos envolvidos, uma vez que não havia qualquer registo daquela existência”. O autarca explica que o que agora se descobriu “está na cave de um prédio particular, ao lado da Ourivesaria Marialva”, mas alerta para a possibilidade de a investigação poder vir a revelar que este tanque integra um conjunto mais vasto, cuja área abranja também o subsolo de outros edifícios da zona.

O que para já se trouxe à luz parece ter boas possibilidades de ser um dos mais antigos banhos rituais judaicos (mikvá) descobertos na Europa, já que tudo indica que não seja posterior ao século XIV. E se efectivamente se destinava a banhos rituais femininos, é ainda mais raro.

A comunidade judaica está documentada em Coimbra desde tempos anteriores à nacionalidade, e sabe-se que a Rua de Visconde da Luz, outrora chamada do Coruche, era um dos limites da chamada judiaria velha, que terá sido desactivada no reinado de D. Fernando I, por volta de 1370. Daí que Jorge Alarcão acredite que estes banhos “já funcionavam certamente antes do tempo de D. Fernando”.

Avaria providencial

Se há males que vêm por bem, pode dizer-se que foi o caso com o rebentamento dos canos de esgoto de um prédio da Rua do Visconde da Luz, mais precisamente o n.º 21. Quando os técnicos municipais da Divisão de Promoção e Reabilitação da Habitação foram tentar resolver o problema, viram-se na necessidade de aceder a um espaço fechado nas traseiras do edifício. A divisão não seria usada há muito e foi preciso arrombar uma porta de metal. Verificou-se, então, que se tratava da entrada para uma cave, à qual se acedia por um lance de escadas em pedra. Nesta cave, uma nova abertura conduzia ainda mais abaixo, ao que parecia ser uma fonte de chafurdo ou mergulho (fontes das quais tradicionalmente se tirava água submergindo as próprias vasilhas).

Alertado o Gabinete para o Centro Histórico, foram feitas duas visitas ao local nos dias 18 e 19 de Novembro, que envolveram técnicos de várias especialidades, incluindo a arqueóloga Raquel Santos, a historiadora de arte Luísa Silva e o técnico de conservação e restauro Manuel Matias.

O que encontraram foi uma gruta natural de calcário, aparentemente utilizada para vários fins ao longo dos tempos. E quando desceram os degraus e viram a pequena piscina, começaram por admitir que pudesse efectivamente tratar-se de uma fonte de chafurdo. Mas à medida que investigavam mais minuciosamente o local, foi-se tornando evidente que aquele era um espaço que fora cuidadosamente concebido.

Por cima da cabeceira do tanque, descobriram-se mesmo vestígios muito razoavelmente conservados de um antigo fresco com motivos florais. Os técnicos estão convencidos de que esta pintura datará provavelmente dos séculos XVI ou XVII e corresponderá à última fase de utilização ritual deste tanque.

Dado que a estrutura se encontra na área da judiaria velha, e parece corresponder perfeitamente às descrições dos banhos de purificação judaicos da época, a convicção actual é de que se trata mesmo de uma mikvá (também grafado mikvah ou mikveh). Os frescos, e a própria dimensão reduzida do tanque, apontam para que fosse usado por mulheres.

A descoberta já foi comunicada à Direcção Regional de Cultura do Centro e, neste momento, segundo Manuel Machado, a prioridade é identificar todos os eventuais proprietários envolvidos, estudar o achado, garantir a sua preservação e verificar se não faz parte de um sistema mais amplo.
 
A fraude holandesa


E os próximos tempos servirão também para se confirmar de modo mais inequívoco que se trata mesmo de banhos rituais judaicos. Há precedentes de descobertas semelhantes cuja autenticidade veio a ser contestada. É o caso damikvá da cidade holandesa de Venlo, descoberta em 2004, datada do século XIII e publicitada como a mais antiga do país.

O município gastou cerca de dois milhões de euros em obras de restauro e na construção de uma nova ala no museu municipal, onde os supostos banhos medievais judaicos iriam ser admirados. Mas afinal parece que a cave em causa nunca fora utilizada para quaisquer rituais judaicos e que o arqueólogo municipal fora instruído pelos seus superiores para defender a tese de que se tratava de uma mikvá e silenciar quaisquer hipóteses alternativas.

O que é significativo neste recente caso holandês é verificar-se que a descoberta de uma mikvá medieval é considerada suficientemente relevante para levar poderes públicos a tentar confirmá-la por meios fraudulentos. Com o turismo cultural judaico em franco crescimento, este é um tipo de achado que pode tornar-se altamente rentável. E a suposta mikvá de Venlo tinha ainda a adicional importância simbólica de atestar a existência de uma comunidade judaica fortemente estruturada muito antes da chegada ao país dos judeus fugidos de Espanha e Portugal.

Aquela que é reconhecidamente a mais antiga mikvá conhecida na Europa é a de Siracusa, na Sicília, que datará provavelmente do século VII. Bastante mais antigos são os banhos rituais judaicos descobertos em 2009 em Jerusalém, uma estrutura de grandes dimensões que se crê ser anterior à destruição do segundo Templo, em 70 d.C..

Nos meios do judaísmo ortodoxo a mikvá, que tem de ser alimentada por uma fonte natural de água, desempenha ainda hoje um papel importante. As mulheres usam as que lhes são destinadas para recuperar a “pureza ritual”, designadamente após o ciclo menstrual ou depois de um parto. Os regulamentos obrigam a que todo o corpo entre em contacto com a água e asmikvá actuais têm geralmente uma funcionária encarregada de ajudar as mulheres a cumprir correctamente este e outros preceitos.
Fonte: Público



 
Esta espécie de pequena piscina para fins religiosos apareceu na cave de um edifício da Rua do Visconde da Luz
Esta espécie de pequena piscina para fins religiosos apareceu na cave de um edifício da Rua do Visconde da Luz

27 de Dezembro de 1703: Assinatura do Tratado de Methuen

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Na sequência da assinatura do tratado de adesão de Portugal à aliança anglo-austríaca que se opunha a que os Bourbons tomassem a coroa de Espanha, foi assinado entre a Inglaterra e Portugal um tratado de natureza comercial. Assinado em Lisboa, a 27 de Dezembro de 1703, estabelecia-se a livre entrada dos lanifícios ingleses em Portugal e uma redução nas tarifas impostas aos vinhos portugueses que entravam na Inglaterra, o que colocava os vinhos portugueses numa situação privilegiada em relação aos vinhos franceses. Do lado português estiveram presentes o duque de Cadaval e o marquês de Alegrete, ambos grandes proprietários vinhateiros. Do lado inglês, esteve o embaixador extraordinário John Methuen. Este tratado foi, posteriormente, ratificado pelo Parlamento inglês. Em Portugal, em Abril de 1704, foi revogada a lei "pragmática" que proibia o uso de tecidos ingleses. A partir de 1705, esta regalia estendeu-se também aos tecidos holandeses e franceses, situação que desagradou aos ingleses.

A principal consequência deste tratado foi o abandono da política de fomento industrial do conde de Ericeira.

Do Tratado constam três artigos:

"I. Sua Majestade ElRey de Portugal promete tanto em Seu proprio Nome, como no de Seus Sucessores, de admitir para sempre daqui em diante no Reyno de Portugal os Panos de lãa, e mais fábricas de lanificio de Inglaterra, como era costume até o tempo que forão proibidos pelas Leys, não obstante qualquer condição em contrário.

II. He estipulado que Sua Sagrada e Real Magestade Britanica, em seu proprio Nome e no de Seus Sucessores será obrigada para sempre daqui em diante, de admitir na Grã Bretanha os Vinhos do produto de Portugal, de sorte que em tempo algum (haja Paz ou Guerra entre os Reynos de Inglaterra e de França), não se poderá exigir de Direitos de Alfândega nestes Vinhos, ou debaixo de qualquer outro título, directa ou indirectamente, ou sejam transportados para Inglaterra em Pipas, Toneis ou qualquer outra vasilha que seja mais o que se costuma pedir para igual quantidade, ou de medida de Vinho de França, diminuindo ou abatendo uma terça parte do Direito do costume. Porem, se em qualquer tempo esta dedução, ou abatimento de direitos, que será feito, como acima he declarado, for por algum modo infringido e prejudicado, Sua Sagrada Magestade Portugueza poderá, justa e legitimamente, proibir os Panos de lã e todas as demais fabricas de lanificios de Inglaterra.

III. Os Exmos. Senhores Plenipotenciários prometem, e tomão sobre si, que seus Amos acima mencionados ratificarão este Tratado, e que dentro do termo de dois meses se passarão as Ratificações."
Tratado de Methuen. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011
Wikipedia
D. Pedro II por António de Sousa

 

Ficheiro:Pedro II PT.png

               D. Pedro II reinava em Portugal quando o Tratado foi assinado

27 de Dezembro de 1901: Nascimento de Marlene Dietrich

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Atrizalemã,nasceua27dedezembrode1901,emShöneberg,emorreua6demaiode1992,emParis,vítimadeinsuficiênciarenal.Aaparênciasofisticadaeasensualidadelânguidafizeramdelaumadasestrelascommaisencantodahistóriadocinema.DeseunomeverdadeiroMariaMagdalenaDietrich,erafilhadeumseveromilitarprussiano.Estudouviolinoemaistardeinterpretaçãodramática.Depoisdeterfeitoalgumteatroamador,fezem1919asuaestreiacinematográficacomImSchattendesGlückes.Gradualmente,tornou-seumadasprimeirasfigurasdocinemagermânico,trabalhandocomrealizadoresconsagradoscomoRudolfSieber,G.W.Pabst,AlexanderKordaeJosefVonSternberg.Foiesteque,deslumbradocomumespetáculodeDietrichnumcabaret,aconvidouparaprotagonizarDerBlaueEngel(OAnjoAzul,1930),títuloquefezdesiumafiguramíticaeumavampdocinema.Osprodutoresamericanosficaramimpressionadoscomasuapresençanatelaeconvidaram-naainstalar-seemHollywood.Aí,oseuprimeirotítulofoiMorocco(Marrocos,1930),ondefezparromânticocomGaryCooperequelhevaleuumanomeaçãoparaoÓscardeMelhorAtriz.Duranteadécadade30,foiaatrizmaisbempagadeHollywood,somandoumcachetde200mildólaresporcadafilmeemqueparticipava.Desseperíodo,destacam-seShangaiExpress(OExpressodeXangai,1932),BlondeVenus(VénusPlatinada,1932),TheScarletEmpress(AImperatrizVermelha,1934)eDestryRidesAgain(ACidadeTurbulenta,1939).Em1939,obteveacidadanianorte-americana,algoqueenfureceuAdolfHitler.Osjornaisdoseupaísnatal,controladospeloaparelhonazi,apelidavam-nadeantigermânica.Duranteaguerra,aatrizgastoulargassomasparacustearavindadeamigosalemãesparaosEstadosUnidos.Apósaguerra,participouemfilmesfranceseseingleses.FoidirigidaporAlfredHitchcockemStageFright(PavornosBastidores,1950),porBillyWilderemWitnessFortheProsecution(TestemunhadeAcusação,1957)eporOrsonWellesemTouchofEvil(ASededoMal,1958).Em1960,voltouaoseupaísnatalondefezumadigressãomusical.SeemBerlimfoiaclamadatriunfalmente,emMuniquefoialvodenumerososinsultos.RegressouaHollywoodparafilmarumaparticipaçãosecundáriaemJudgementatNuremberg(OJulgamentodeNuremberga,1961),ondeinterpretouMadameBertholt,viúvadeumoficialnazi.Decidiuentãodedicar-seaumacarreiradeespetáculosmusicais,percorrendoosprincipaiscabaretsamericanoseeuropeus.Começouentãoaperderabatalhacontraoalcoolismoeem1968,nodecursodeumconcertoemqueseapresentouvisivelmenteembriagada,caiudopalco,sofrendofraturaexpostadaspernas.Decidiuentãoinstalar-seemParis,vivendonumestadodesemi-reclusãoqueinterromperiaem1979,quandovoltouaomundodocinemaparafilmarumaparticipaçãonofilmeJustaGigolo(AHistóriadeumGigolo),aoladodeDavidBowie. 

Marlene Dietrich. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
wikipedia (imagens)
File:Marlene Dietrich in No Highway (1951) (Cropped).png
Marlene Dietrich, 1951
File:Marlene Dietrich in Shanghai Express (1932) by Don English.png
 Marlene Dietrich em Shanghai Express (1932)



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